“...Sou Negro, meus avós foram
queimados pelo sol da África, minha alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gonguês e agôgores, contara-me que meus avós vieram de Loanda como
mercadoria de baixo preço, plantaram cana pro senhor do engenho novo e fundaram
o primeiro maracatu...”
O espetáculo Identidade, baseado
em poemas de Castro Alves, Solano Trindade e em trechos da peça “Arena contra
Zumbi” de Augusto Boal, nos trouxe um pouco do universo africano que está
fortemente presente em nosso cotidiano.
Uma peça que fala de luta,
resistência, superação e principalmente da crueldade de homens que se julgam
por causa de etnias, o tema identidade dentro dessa peça me fez me enxergar o
quanto cidadão brasileiro, descendente de uma grande parcela de africanos,
descendente no dialeto, na musica, na dança, nas crenças, na culinária enfim,
brasileiro descendente de algum africano que foi exportado como mercadoria
barata no período colonial.
Um espetáculo cheio de historia,
de fatos, ou melhor, uma peça cheia fatos que marcaram a historia, a historia
que pertence a cada um de nós, que compõe sua memoria e contribui para a
construção de uma identidade coletiva, a peça traz uma historia em comum, a
historia do Brasil.
Trabalhei neste espetáculo onde
pude reconhecer um pouco mais de minha identidade, representei escravos que
sofreram, mas também através da dança afro representei uma divindade, o mito do
Orixá Ogum, que é um emblema de luta e resistência, esses valores que fizeram
parte da identidade dos negros escravizados no Brasil colonial.
Uma bela produção com cânticos
africanos nas vozes de um coral de crianças, uma produção o marcada pelo
impacto e coragem de levar ao palco um período tão horrendo de nossa historia,
e de não ter medo de afirmar que este passado de escravidão está tão presente o
quanto se imagina.
Ainda bem que “ZUMBI não Morreu”,
(como falamos na peça) “...ele se multiplicou, ele renasce em cada um que se
levanta contra a opressão e contra os ranços da escravidão...”
E Zumbi dos Palmares, mais uma
vez renasce em mim, pois estou tendo a oportunidade de reviver um outro
processo de criação em cima deste texto, agora com os artistas do Instituto
Religare, tendo a chance de mais uma vez me identificar com a peça Identidade.
A Letra da Musica que nomeou a peça:
Identidade
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai...
Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história
Se o preto de alma branca pra você
É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade
É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade
Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai...
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai...
Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história
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